domingo, 10 de agosto de 2014

Violência contra as Ocupações em BH

Portanto, visto que pisais o pobre e dele exigis um tributo de trigo, edificastes casas de pedras lavradas, mas nelas não habitareis; vinhas desejáveis plantastes, mas não bebereis do seu vinho.
Amós 5:11-12

A partir de amanhã, dia 11, poderá acontecer um massacre por culpa da Prefeitura de Belo Horizonte (proprietária de parte do terreno) e do Governo de Minas Gerais (que comanda a Polícia Militar). Os moradores das Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória, que conta com mais de 8.000 famílias,  graças a uma liminar irresponsável de uma juíza, concedendo reintegração de posse de um terreno que nunca serviu para nada, terão que sair do único lugar que têm para viver.

O déficit habitacional em Minas Gerais é de 474 mil moradias, das quais 115 mil somente na Região Metropolitana de Belo Horizonte. No Brasil  o déficit é de 6,273 milhões de domicílios.O problema de moradia atinge a 22‰ da região metropolitana da capital mineira.    Infelizmente, percebemos que não há interesse de resolver  o acesso à moradia em Minas Gerais. Apenas o número de casas de alvenaria levantadas por essas ocupações localizadas no Isidoro por essas famílias carentes, é maior que a soma de casas construídas pela prefeitura de Belo Horizonte e Estado nos últimos anos.

Ontem, estivemos na Ocupação Rosa Leão, que desde que começou a existir, participamos como apoiadores dessa ocupação, assim como vários movimentos e atores na defesa do direito humano básico por moradia em Minas Gerais. Levamos alguns donativos para a Dona Neide, mencionada na reportagem AQUI. A propósito, Dona Neide e seus filhos e netos não têm para onde ir, assim como todos os outros moradores. A filha mais nova dela tem 3 anos de idade. A mais velha, com mais de 20 anos e com 3 filhos, precisa urgentemente de emprego (já fez 6 entrevistas recentemente, sem sucesso).

Nessas ocupações urbanas vivem trabalhadores que sofrem com a lógica excludente que ainda permeia nossas cidades e que simplesmente não têm outro lugar para morar, que foram despejadas ou que não têm como pagar o absurdo preço de aluguel que aumentou muito mais que a inflação nos últimos anos. A Polícia Militar, que nos bairros de classe média trata todo mundo bem e com cordialidade, vai lá quase todos os dias e  tratando os moradores como gado.

Denunciamos a incapacidade de diálogo e interesse das autoridades locais em relação as ocupações. Lamentamos que enquanto as poderosas empreiteiras tem acesso total irrestrito junto aos governantes, resta o povo pobre a negação de direitos fundamentais. É com tristeza que novamente iremos testemunhar que mais uma vez a PM  vai agir com truculência usando balas de borracha, spray de pimenta, cacetetes e destruindo as casas do povo simples.

Rede FALE BH