quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Vídeo preserva história da atuação política de jovens evangélicos

Projeto conjunto de Rede FALE, ISER e MEET realiza mais uma etapa de gravação
A equipe da Rede FALE veio a Porto Alegre (RS), no dia oito de setembro, quando gravou os depoimentos do pastor presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), Dr. Walter Altmann, e do pastor e pesquisador Dr. Martin Dreher (IECLB), para o projeto "Juventude, Política e Religião". O projeto é uma iniciativa da Rede FALE, do Instituto de Estudos da Religião (ISER), ambos com sede no Rio de Janeiro, e do Movimento Ecumênico de Estudantes de Teologia (MEET).

“O objetivo geral da pesquisa-intervenção é resgatar e analisar a memória relacionada à participação de jovens ligados às igrejas protestantes no movimento estudantil a partir de 1960. Os depoimentos serão apresentados e discutidos com jovens estudantes, evangélicos e de outras religiões”, disse o secretário executivo da Rede FALE e pesquisador associado do ISER, Marcus Vinicius Matos, que coordenou as gravações.

Os próprios jovens vão editar o material a partir do que considerarem mais significativo para as juventudes hoje. Assim, espera-se reunir informações e experiências que servirão de subsídio para a reflexão das gerações atuais acerca da participação sócio-política de jovens nos anos 60.

O acervo das entrevistas na íntegra será repassado para os parceiros e também ficará disponível nos arquivos da Rede FALE e do Iser. Além disso, o projeto prevê a organização do material em um longa metragem ou vários curtas.

As gravações foram realizadas na sede da FLD, em Porto Alegre (RS), uma das apoiadoras da iniciativa.

Foto: Banco de Imagens da FLD

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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Políticas públicas... de juventude?

Caio Marçal



Para alguns, falar em política é um papo “sinistro”. Talvez piore quando somos incentivados a participar dela! Mas vamos pensar um pouco sobre a realidade da juventude brasileira e a relação com nossa responsabilidade cristã.

Somos mais de 50 milhões de pessoas, mas apenas 20% possuem algum tipo de ocupação. São poucos os que têm acesso à educação de qualidade e apenas uma pequena parcela é premiada com a entrada numa universidade. O jovem brasileiro sofre com a violência e ainda há um enorme fosso que divide as diferentes juventudes, fruto da desigualdade social. Nesse quadro cinzento, é fácil chegar ao resultado dessa equação social: exclusão, miséria, falta de perspectiva e, em alguns casos, marginalidade.

Em 2005 foi criado o Conselho Nacional de Juventude -- CONJUVE. Mas por que participar? Não seria uma tarefa para “políticos profissionais”? Talvez sejam essas as perguntas que estão fervendo em nossos miolos evangélicos.

Nosso chamado para viver a fé passa pelo envolvimento nas questões que desafiam nossa geração. Em sua encarnação, Jesus mostra sua preocupação com a condição dos excluídos e com o resgate da dignidade das pessoas. Em “Ouça o Espírito, Ouça o Mundo” (ABU Editora), John Stott afirma que “ele participou profundamente de nossa condição de seres humanos. Nunca se afastou das pessoas que se esperaria que ele evitasse. Foi amigo dos marginalizados e até mesmo tocou os intocáveis. Não poderia ter sido mais igual a nós. Foi a total identificação de amor”.

Cremos que a fé evangélica, antes de ser protestante, é uma fé de propostas. Propomos o reino de Deus e sua justiça. Afirmamos o valor da vida como eixo maior de nossa proclamação. Nossa missão aponta que todo jovem, independente de sua condição, é precioso por estampar em sua vida a imagem e semelhança do criador.

A experiência de representar a Rede Fale no CONJUVE nos ensinou a ouvir os clamores da juventude em suas mais diversas faces. Num espaço onde diálogo é a palavra-chave, aprendemos o quanto é salutar compreender as demandas colocadas em pauta. Nosso desafio presente é vencer a tentação de ocupar esses espaços olhando para o próprio umbigo e ter a humildade de escutar, sempre movidos pelo amor que sentimos por nossa gente.

Devemos ser os mais interessados na qualidade de vida dos jovens e propor alternativas que curem a nossa sociedade. Jesus convoca-nos a servir e dar a vida. Que essa seja nossa agenda para mudar a realidade que nos desafia.

• Caio Marçal, cearense, é secretário de mobilização da Rede Fale e Missionário da Igreja de Cristo de Frecheirinha/CE

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

ABAIXO-ASSINADO ONLINE - CAMPANHA PELO LIMITE DA PROPRIEDADE DA TERRA

 

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Nesse ano a Rede FALE formalizou apoio e participação na Campanha Nacional pelo Limite da Propriedade da Terra e no Plebiscito Popular pelo Limite de Propriedade da Terra.

Muita gente tem muito interesse em participar, mas infelizmente não teve acesso as urnas do plebiscito. Em apoio a campanha e para facilitar a  participação, a Rede FALE está divulgando link do abaixo-assinado!

ATENÇÃO: Se você já assinou o abaixo-assinado impresso, não assine este. Cada pessoa deve assinar apenas uma vez, seja o abaixo-assinado on-line ou impresso.

CLIQUE AQUI PARA ASSINAR

TEXTO DO ABAIXO- ASSINADO

Eu apoio emenda constitucional para inserir inciso V ao artigo 186 da Constituição Federal, estabelecendo que para cumprir a Função Social a Propriedade rural terá limite máximo de 35 módulos fiscais, como forma de garantir a democratização do acesso à terra e a soberania territorial e alimentar.

 

JUSTIFICAÇÃO

Para garantir efetivamente a função social da propriedade rural como determina a ConstituiçãoFederal em seus artigos V, XXIII e 186, é necessário que se estabeleça um limite de extensão para os imóveis rurais.
A realidade é que o Brasil apresenta um dos maiores índices de concentração fundiária do mundo: 1,5% dos 5 milhões de imóveis rurais cadastrados concentra 52% de toda a área , no outro extremo tem-se que 98,50% do total de imóveis cadastrados, detém somente 48%.Diante deste quadro de grave desigualdade, não se pode admitir que imensas propriedades rurais possam pertencer a um único dono, impedindo o acesso democrático à terra que é um bem natural, coletivo, porém limitado.
Como os recursos naturais devem estar disponíveis para todos, sob pena de não se respeitar sua função social, não é compatível com a Constituição que uma insignificante minoria tenha em seu poder a grande maioria das melhores terras do país em prejuízo de tantos brasileiros que são forçados a abandonar seu habitat natural.
A limitação do tamanho da propriedade rural também se justifica como um estímulo ao aumento da produção de alimentos, da preservação dos recursos naturais, do emprego rural e da fixação do homem no campo, além de impedir ainda maiores ofensas à soberania territorial brasileira.
A proposta não ofende nenhum princípio constitucional, pelo contrário, se adeqüa perfeitamente ao que estabelece a Constituição ( art. 3º) quando inclui entre os objetivos da República Brasileira a construção de uma sociedade justa e solidária e a redução das desigualdades sociais.
Esta não deve ser uma preocupação apenas dos que vivem do campo, porém uma luta de toda a população em favor da efetividade dos princípios constitucionais e do aprimoramento da democracia em nosso País.
Por isso eu apoio a Campanha Nacional pelo limite da propriedade da terra, em 35 módulos fiscais, manifestando a minha vontade como cidadão de que o Congresso Nacional venha a aprovar, sem demora, emenda constitucional que estabeleça esta limitação como avanço imprescindível da sociedade brasileira.

 

Se você quiser divulgar no Twitter: Twitar clicando aqui

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Campanha Nacional lança plebiscito pelo limite da propriedade da terra

Entre 01 e 07 de setembro, plebiscito coleta assinaturas em todo o país

Criada em 2000 pelo Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo (FNRA), a Campanha pelo Limite da Propriedade da Terra: em defesa da reforma agrária e da soberania territorial e alimentar, é uma ação de conscientização e mobilização da sociedade brasileira para incluir na Constituição Federal um novo inciso que limite às propriedades rurais em 35 módulos fiscais. Dessa forma, áreas acima dos 35 módulos seriam automaticamente incorporadas ao patrimônio público.

A introdução desta medida resultaria numa disponibilidade imediata de mais de 200 milhões de hectares de terra para as famílias acampadas, sem despender recursos públicos para a indenização dos proprietários. Esses recursos são hoje gastos em processos desapropriatórios e que poderiam ser empregados no apoio à infra-estrutura, ao crédito subsidiado e à assistência técnica para os assentamentos.


De acordo com os últimos dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) em 2006, no Brasil, 2,8% das propriedades rurais são latifúndios e ocupam mais da metade de extensão territorial agricultável do país (56,7%). Em contrapartida as pequenas propriedades representam 62,2% dos imóveis e ocupam apenas 7,9% da área total.

O plebiscito pelo limite da propriedade da terra

O Plebiscito Popular pelo limite da propriedade da terra será o ato concreto do povo brasileiro contra a concentração de terras no país, que é o segundo maior concentrador do mundo, perdendo apenas para o Paraguai. Esta consulta popular é fruto da Campanha Nacional pelo Limite da Propriedade da Terra, promovida pelo Fórum Nacional da Reforma Agrária e Justiça no Campo (FNRA) desde o ano 2000.


A campanha foi criada com o objetivo de conscientizar e mobilizar a sociedade brasileira sobre a necessidade e a importância de se estabelecer um limite para a propriedade. Mais de 50 entidades, organizações, movimentos e pastorais sociais que compõem o FNRA estão engajadas na articulação massiva em todos os estados da federação.

Cada cidadã e cidadão brasileiro será convidado a votar entre os dias 01 e 07 de setembro, durante a Semana da Pátria, junto com o Grito dos Excluídos, para expressar se concorda ou não com o limite da propriedade. O objetivo final é pressionar o Congresso Nacional para que seja incluída na Constituição Brasileira um novo inciso que limite a terra em 35 módulos fiscais, medida sugerida pela campanha do FNRA. Áreas acima de 35 módulos seriam automaticamente incorporadas ao patrimônio público e destinadas à reforma agrária.

"A Campanha da Fraternidade deste ano também propõe como gesto concreto de compromisso a participação no plebiscito pelo limite da propriedade. Um limite para a propriedade faz parte de uma nova ordem econômica a serviço da vida", afirmou Dirceu Fumagalli, membro da coordenação nacional da CPT. Para ele, uma consulta popular, mais do que obter resultados concretos com a votação, é um processo pedagógico importante de formação e conscientização do povo brasileiro sobre a realidade agrária. "São milhares de famílias acampadas à espera de uma reforma agrária justa. São índices crescentes da violência no campo. É o crescimento desordenado dos grandes centros urbanos. Tudo isso tem relação direta com a absurda concentração de terras no Brasil."

Segundo Luiz Claudio Mandela, membro da coordenação colegiada da Cáritas Brasileira, os promotores do plebiscito querem dialogar com a sociedade sobre a concentração de terras no Brasil. "Isso interfere na estrutura política, social, econômica e geográfica do país", ressaltou. De acordo com Mandela, durante toda a campanha estão sendo coletadas assinaturas para que esta proposta seja convertida em um projeto de iniciativa popular. "Para isso precisamos de, no mínimo, 1,5 milhão de assinaturas. Mas pretendemos superar esta meta."

Por que limitar as propriedades de terra no Brasil?

Porque a pequena propriedade familiar, segundo dados do Censo Agropecuário do IBGE 2006:

• Produz a maior parte dos alimentos da mesa dos brasileiros: toda a produção de hortaliças, 87% da mandioca, 70% do feijão, 46% do milho, 38% do café, 34% do arroz, 21% do trigo; 58% do leite, 59% dos suínos, 50% das aves.

• Emprega 74,4% das pessoas ocupadas no campo (as empresas do agronegócio só empregam 25,6% do total.)

• A cada cem hectares ocupa 15 pessoas (as empresas do agronegócio ocupam 1,7 pessoas a cada cem hectares).

• Os estabelecimentos com até 10 hectares apresentam os maiores ganhos por hectare, R$ 3.800,00.

Enquanto a concentração de terras no latifúndio e grandes empresas:

• Expulsa as famílias do campo, jogando-as nas favelas e áreas de risco das grandes cidades;

• É responsável pelos conflitos e a violência no campo. Nos últimos 25 anos, conforme a Comissão Pastoral da Terra (CPT):

1.546 trabalhadores foram assassinados e houve uma média anual de

2.709 famílias expulsas de suas terras!

13.815 famílias despejadas!

422 pessoas presas!

765 conflitos diretamente relacionados à luta pela terra!

92.290 famílias envolvidas em conflitos por terra!

• Lança mão de relações de trabalho análogas ao trabalho escravo. Em 25 anos 2.438 ocorrências de trabalho escravo foram registradas, com 163 mil trabalhadores escravizados.

Para maiores informações, clique aqui.
Fonte: Campanha Nacional pelo Limite da Propriedade da Terra - em defesa da agricultura familiar e da soberania territorial e alimentar

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

FALE EM FAVOR DE REFORMA AGRÁRIA - PLEBISCITO POPULAR PELO LIMITE DE PROPRIEDADE DE TERRA

Sara Tironi*

Ai de vocês que adquerem casas e mais casas, propriedades e mais propriedades até não haver mais lugar para ninguém e vocês se tornarem os senhores absolutos da terra” Isaías 5,8

"E as propriedades cresciam cada vez mais e os proprietários iam simultaneamente diminuindo. E havia tão poucos fazendeiros pobres nas terras, que fazia até dó."John Steinbeck, trecho de “As vinhas da ira”

 

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O Brasil é o quinto maior país do planeta e o maior da América do Sul, mas grande parte desse imenso território concentra-se nas mãos de pouca gente. Esse problema vem sendo discutido de longa data, e de uma forma ou de outra, sempre esteve na pauta dos governos, ainda que hoje seja notavelmente pouco debatido pelos candidatos à presidência.

Já dura cerca de cinco séculos a história da concentração da propriedade da terra no Brasil. Suas raízes encontram-se no início do século XVI, na época colonial, quando os portugueses estabeleceram aqui a monocultura para exportação.

Hoje, a grande propriedade rural, o latifúndio, ainda predomina no país: segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), 1% da população detém 50% das terras brasileiras. Conforme os últimos dados levantados pelo instituto em 2006, 2,8% das propriedades rurais são latifúndios, os quais ocupam mais da metade da extensão territorial agricultável do país (56,7%). Em contrapartida, as pequenas propriedades, mesmo representando 62,2% dos imóveis, ocupam apenas 7,9% da área total das terras cultiváveis.

Como consequência direta da concentração fundiária rural, podemos destacar o problema do subaproveitamento das terras. Dos 850 milhões de hectares, 120 milhões estão improdutivos, segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Essa má utilização do espaço nacional não muda de figura quando tratamos, por outro lado, das terras produtivas, já que estas se prestam, predominantemente, às pastagens e à agricultura de exportação.

A agricultura de subsistência, por sua vez, destinada ao consumo interno, não apenas ocupa as piores e menores extensões de terra, como também recebe pouco ou nenhuma assistência do governo. É bastante grave nos depararmos com esse cenário no campo quando pensamos que uma boa parte da população brasileira passa fome ou se alimenta muito mal. Convém ainda lembrar que a apropriação da terra por uma minoria populacional acarreta também a concentração dos meios de produção (máquinas, equipamentos, etc.), do poder econômico, da renda e do poder político no meio rural.

Em 2000, o Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo (FNRA) criou a “Campanha pelo Limite da Propriedade da Terra: em defesa da reforma agrária e da soberania territorial e alimentar”. Como forma de massificar a discussão da campanha, bem como possibilitar uma maior integração e engajamento das diferentes forças sociais do país, será realizado o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade de Terra, de 1 a 7 de setembro de 2010, na Semana da Pátria, junto com o Grito dos Excluídos.

Cremos que a participação dos cristãos no plebiscito não é apenas uma questão de cidadania, mas de fé. Acreditamos que a terra é Dom de Deus (Lv 25,23) e que a acumulação dela ofende a Sua vontade. Na Palavra Dele, as leis como  do ano sabático e do ano do jubileu (Lv 25) nos dão material necessário para compreendermos que todos tem direito a terra e que a acumulação dela é abominável aos olhos de Deus. Podemos citar ainda os profetas do Antigo Testamento: Elias que diz ao rei Acabe que "...mataste e ainda por cima roubas" (1 Rs 21,19) depois que este se apossou da vinha de Nabote; Isaías afirma categoricamente que "Ai dos que juntam casa a casa e campo a campo" (Is 5,8); e ainda temos em Miquéias, "Ai dos que planejam iniquidade... Se cobiçam campos, eles os roubam, se casas, eles as tomam" (Mq 2,1-2).

.A Rede FALE formalizou essa semana seu apoio e participação no plebiscito. Com urnas em igrejas ou eventos, mobilizaremos nossa base para conscientizar o povo e pressionar as autoridades. Alguns de nossos grupos irão participar do “grito dos excluídos”.

Depois do envolvimento com o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra, o FALE pretende continuar discutindo as questões agrárias e produzir material de discussão e mobilização para a igreja evangélica brasileira.

*Sara Tironi é estudante de direito e mora em Ribeirão Preto. Faz parte da Aliança Bíblica Universitária e da Rede FALE São Paulo

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Para maiores informações:

- http://www.limitedaterra.org.br/index.php

- A questão da terra no Brasil (Nelson Piletti e Ivone Masolino), disponível em: http://www.scribd.com/doc/6715394/A-Questao-Da-Terra-No-Brasil

- Cartilha do Plebiscito Popular pelo Limite da Terra

Se desejar participar da mobilização da Rede FALE, envie um e-mail para mobilizacao@fale.org.br

Confira o Vídeo da Campanha: