quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Saciar a sede de água e cidadania

"Por que nas edificações urbanas raramente se encontram equipamentos de captação da água da chuva, gratuita e potável?"
FREI BETTO

Como impedir que a população do semi-árido brasileiro prossiga vítima da seca? A melhor iniciativa é o Programa 1 Milhão de Cisternas, também conhecido por Programa de Mobilização e Formação para Convivência com o Semi-árido. Este mês, comemora-se o marco de 1 milhão de pessoas favorecidas pela construção de cisternas.

Quem o monitora, há quatro anos, é a Articulação no Semi-árido Brasileiro (ASA), ONG que conta com o apoio do governo federal, da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), da sociedade civil e de vários parceiros nacionais e internacionais.

O programa parte da concepção de que o povo do semi-árido é capaz de dirigir seu próprio destino e encontrar meios de resolver seus problemas, desde que a ele sejam garantidos meios e políticas de convivência com a seca, e não de combate a este fenômeno natural. Assim como em outros países não se combate a neve, mas se aprende a conviver com ela, o mesmo se aplica à seca.

Até agora, o programa mobilizou cerca de 228.538 famílias e construiu 221.362 cisternas de placas para captação de água de chuva - via calha do telhado da casa -, para consumo humano. Nada mais potável que a água da chuva - que, nas cidades, irresponsavelmente desperdiçada, entope bueiros, causa erosão de encostas, alagamentos e enchentes.

Hoje, mais de 1 milhão de pessoas têm garantindo o acesso a água de qualidade para beber e cozinhar, o que significa, em termos de segurança alimentar e nutricional, efetiva revolução em suas vidas. Quando se sobrevoa o semi-árido notam-se pontinhos brancos esparsos na zona rural. São as cisternas alocadas nas casas dos agricultores, muitas em lugar de difícil acesso.

Um dos efeitos mais tangíveis é favorecer mulheres e crianças que, todo dia, deixam de caminhar quilômetros para buscar água, muitas vezes poluída. Agora, podem dedicar o tempo à educação, à família, à produção, ao lazer. Como muitas mulheres afirmam, sentem-se mais mães, mais esposas, mais companheiras, mais gente.

As crianças, agora mais saudáveis, já não são acometidas por doenças transmissíveis por recursos hídricos, entre as quais a diarréia; idosos e portadores de deficiências são atendidos; famílias inteiras, que anteriormente nunca tinham acesso a noções e cursos de tratamento da água e convivência com o semi-árido, agora usam essas informações para melhorar sua qualidade de vida.

As cisternas são construídas com, e não para as pessoas; essas se envolvem profundamente na obra, o que garante o seu cuidado. Como todo o processo é feito em comunidades, vê-se ali a erradicação da exclusão social e a afirmação da cidadania. São mais de 1 mil municípios do semi-árido que, mobilizados, compõem um novo cenário.

As cisternas, perfuradas ao lado da casa e revestidas de placas de cimento, são equipamentos simples, de tecnologia barata e fácil manejo. Têm longa vida útil quando cercadas de cuidados mínimos, de acordo com o que se aprende nos cursos. Ao visitar a região, notei em algumas girinos vivos, sinal de que a água é própria para consumo humano. Inaugura-se, assim, uma política pública não-clientelista, efetivamente voltada aos mais pobres.

Falta, agora, o governo federal dar mais apoio à ASA, para que se possa atingir a meta de construir 1 milhão de cisternas e favorecer 5 milhões de pessoas com acesso à água potável.
E fica a pergunta que não quer calar: por que nas edificações urbanas raramente se encontram equipamentos de captação da água da chuva, gratuita e potável? O exemplo não deveria começar pelas obras do poder público?

Texti publicado no Jornal Estado de Minas, 15 de novembro de 2007

Saneamento para todos só em 2122, diz FGV

Folha de São Paulo,Quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Saneamento para todos só em 2122, diz FGV. Estimativa foi feita com base na taxa de crescimento do nível de coleta de esgoto no país, que atualmente está em 1,59% por ano

Fundação calculou que, em 2006, apenas 46,77% da população brasileira possuía rede de coleta de dejetos domésticos

DA SUCURSAL DO RIO

Com o atual nível de investimento em saneamento básico, só em 2122, daqui a 115 anos, a totalidade da população brasileira terá acesso à rede de coleta de esgoto, revela pesquisa da FGV (Fundação Getúlio Vargas) divulgada ontem. Mais da metade dos brasileiros não tem esgoto recolhido.

Encomendada pelo Instituto Trata Brasil, organização sem fins lucrativos fundada em julho deste ano em São Paulo, a pesquisa "Trata Brasil: Saneamento e Saúde" foi feita com base nos dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE.

A FGV calculou que, em 2006, somente 46,77% da população brasileira era beneficiada por rede de recolhimento de dejetos domésticos. Há 14 anos, era de 36,02% o percentual dos brasileiros com acesso a rede de esgoto.

Coordenador da pesquisa, o economista Marcelo Néri estimou que, a se manter o nível de crescimento das redes coletoras em todo o país observado a partir de 1992, somente daqui a, no mínimo, 56 anos, metade da população terá acesso a esgoto encanado. A atual taxa decrescimento da rede de esgoto nacional é de 1,59% por ano.

Mortalidade infantil

Ainda de acordo com a pesquisa, a mortalidade infantil na faixa de um a seis anos de idade é maior nas regiões do país onde não há esgoto coletado. Ao analisar os dados da Pnad, Néri concluiu que a falta de saneamento básico tem responsabilidade direta na mortalidade registrada nessa faixa etária.

A incidência de morte entre um ano e seis anos decorre do contato direto das crianças com as aglomerações de esgoto, afirma o pesquisador. Antes de completar o primeiro ano, o bebê ainda permanece mais tempo sob os cuidados de adultos.

Segundo Marcelo Néri, depois disso, os meninos, mais do que as meninas, passam a ficar mais soltos, pois começam a andar e a brincar fora de casa. Muitas vezes descalços e nus, circulam em meio à imundície acumulada em poças e valões. A maioria deles até bebe a água contaminada por coliformes fecais. Acabam vitimados por diarréias e outras doenças relacionadas à carência de saneamento básico.

Baixo investimento

Conforme divulgou o Instituto Trata Brasil, sete crianças brasileiras morrem por dia em conseqüência da falta de saneamento básico no local onde vivem. O instituto considera que o ideal seria investir em saneamento o equivalente a 0,63% do PIB (Produto Interno Bruto). Hoje, o investimento na área é de 0,22%.

Outras vítimas em potencial da ausência de rede coletora de esgoto são as gestantes, pois a falta de saneamento aumenta as chances de os filhos nascerem mortos. De acordo com a pesquisa, em áreas sem saneamento, aumenta em cerca de 30% a possibilidade de grávidas virem a parir natimortos.

A pesquisa mostra ainda que, apesar da gravidade da situação constatada nos índices oficiais do governo federal, a velocidade da expansão do saneamento básico é inferior à oferta de outros serviços públicos, como rede de distribuição de água, coleta de lixo e eletricidade.

O levantamento da FGV indica também que São Paulo é o Estado brasileiro com maior cobertura em saneamento básico -84,24% da população paulista é atendida por rede de esgoto. O Amapá convive com situação oposta. É o pior Estado brasileiro em termos de recolhimento de esgoto. Só 1,42% dos habitantes têm o benefício.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

FÓRUM NACIONAL DO FALE


Entre os dias 26 a 28 de outubro de 2007, 22 jovens se reuniram na Comunidade Presbiteriana da Barra da Tijuca (RJ) por ocasião do Fórum Nacional da Rede FALE. Nesta oportunidade pudemos conhecer melhor o trabalho de outros militantes da Rede. Tivemos períodos de oração, devocionais e, ainda, atividades que permitiram melhor entrosamento entre os participantes do FALE. A história da Rede foi contada por Marcus Vinícius. Algumas organizações parceiras como a Renas, o Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), e a Tearfund foram apresentadas por Flávio Conrado, Patrick Timmer e Eliel Freitas, respectivamente.

Seguiu-se a reunião com o relatório e a avaliação das atividades realizadas pelas pétalas que compõem a flor FALE durante segundo semestre de 2006 e o primeiro de 2007. O relatório da campanha foi apresentado por Marcus Vinícius; da formação por Flávio Conrado; da articulação por Caio César; da comunicação por Marcella Campos; da pétala de parcerias institucionais por Patrick Timmer e Elter Nehemias. Rodolfo Silva relatou as dificuldades da pétala de oração em se estruturar desde 2006, e também sua experiência como assessor de diaconia. Finalmente, Alexandre relatou sobre a coordenadoria geral.

No Fórum, optamos pela continuação do tema de campanha “Saneamento Ambiental” em 2008. Para o período, serão confeccionados dois cartões: um endereçado aos vereadores, outro subsidiará uma campanha local em Marabá - Pará. A comunicação produzirá duas edições do jornal Respondendo ao Chamado (RAC); a formação elaborará recursos educacionais que subsidiarão esta nova etapa da campanha; a pétala de relações institucionais negociará o subsídio financeiro da ong FASE para a produção de cartões. O monitoramento da atuação das pétalas será feito via lista de discussão eletrônica “flor-fale” pelo assessor Rodolfo Silva

Para o fortalecimento da Rede, serão promovidos encontros locais e regionais. Discutimos a possibilidade de organizar conferências livres do FALE (amplificando/treinamento vocal) em Feira de Santana (BA) ou Natal (RN), e junto a ABUB no Instituto de Preparação de Líderes (IPL). Ao longo do ano, acontecerão conferencias livres de políticas públicas de juventude em Feira de Santana, Marabá, Sobral, Florianópolis, Natal, Chã Preta, Goiânia, Rio de Janeiro, Vitória e São Paulo. Haverá dois treinamentos oferecidos pela Tearfund: um em defesa de direitos, outro em organização em rede; nestes participarão um representante de cada pétala, articuladores regionais e o assessor. Além destes eventos, acontecerá o Fórum Nacional do FALE entre 27 a 31 de agosto de 2008, em Marabá.

No encontro, elegemos a coordenação nacional da Rede FALE sendo os seguintes os coordenadores e suas áreas de responsabilidades: Caio César Marçal, coordenação de articulação nacional; Marcus Vinícius, coordenação de campanha; Marcella Campos, coordenação de comunicação; Flávio Conrado, coordenação de formação; Patrick Timmer, coordenação de parcerias institucionais. Alexandre Brasil e Elter Nehemias foram eleitos os coordenadores gerais e Rodolfo Silva o assessor de diaconia.
Além destes, foram eleitos Marcus Vinícius para ser o contato do FALE com o Conjuve, por meio da interação com o secretário de juventude deste conselho e Roni é indicado para representar a Rede FALE na assembléia de eleição do CONJUVE. Por fim, discutimos o orçamento do FALE para o ano de 2008.

COORDENAÇÃO NACIONAL

• ARTICULAÇÃO
Coordenador Articulação Nacional: Caio César (Sobral, CE)

Nordeste
NE1 (PI, CE, MA): Caio César (Sobral, CE)
NE2 (RN, PB, PE): Patrick Silva (João Pessoa, PB)
NE3 (AL, SE, BA): Henrique (Feira de Santana, BA)

Norte
N1 (AC, RO, MT):
N2 (AM, RR, AP, PA): Carlos Eduardo (Marabá, PA)

Sudeste
SE1 (MG, ES): Sarah Nigri (Vitória, ES)
SE2 (SP, RJ): Ednaldo (Rio de Janeiro, RJ)

Centro-Oeste
CO (GO, DF, TO): Etelney Jr (Goiânia, GO) e Ariane Caixeta (Goiânia, GO)

Sul
S (RS, SC, PR, MS): Daniel Ribeiro (Florianópolis, SC)

• CAMPANHAS
Coordenador: Marcus Vinícius (Rio de Janeiro, RJ)
Colaboradores Campanha Saneamento Ambiental: Carlos Eduardo (Marabá, PA)

• COMUNICAÇÃO
Coordenadora: Marcella Campos (Brasília, DF)
Colaboradores: Priscila Vieira (Rio de Janeiro, RJ)
Tiago Santos (Vila Velha, ES)
Giovanna Amaral (São Paulo, SP)

• FORMAÇÃO
Coordenador: Flávio Conrado (Rio de Janeiro, RJ)
Colaboradores: Franqueline Terto (Maceió, AL)
Gecionny Pinto (Natal, RN)
Horimo Medeiros (Aracaju, SE)
Leandro Silva (Natal, RN)

• ORAÇÃO E LITURGIA
Coordenador: Abigail Aquino (São Paulo, SP)

• PARCERIAS INSTITUCIONAIS
Coordenador: Patrick Timmer (Campinas, SP)

• ASSESSORIA:
Rodolfo Silva (Fortaleza, CE)

• ESCRITÓRIO:
Ana Paula (Londrina, PR)

• FINANCEIRO:
Tesoureiro: Douglas Porto (Guaratinguetá, SP)
Contador: Jair Luna (São Paulo, SP)

• COORDENAÇÃO GERAL:
Alexandre Brasil (Rio de Janeiro, RJ)
Elter Nehemias Barbosa (Brasília, DF)

CONSELHO DE REFERÊNCIA

• Anivaldo Padilha (Koinonia)
• Ariovaldo Ramos (Visão Mundial)
• Arnulfo Barbosa (Diaconia)
• Daniela Frozi (ABUB)
• Gedeon Alencar (ICEC)
• Henrique Terena (Conplei)
• Isabelle Ludovico (CPPC)
• John Medcraft (ACEV)
• Luiz Caetano Grecco Teixeira (CLAI)
• Orivaldo Pimental Jr (FTL)
• Ricardo Barbosa (CCE)
• Valdir Steuernael (WVI)
• Ziel Machado (CIEE)

Igreja, Comunidade e Trabalho

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

2º Fórum Missão Integral: Ecologia e Sociedade



Como resultado de uma caminhada que integra grupos cristãos preocupados com o meio ambiente, acontecerá em Belo Horizonte (MG), no Sesc Venda Nova, de 15 a 18 de novembro de 2007, o 2º Fórum Missão Integral: Ecologia e Sociedade.

Desta vez, o fórum pretende discutir uma maneira de atualizar a proposta bíblica de um “jubileu da terra” para a missão integral da Igreja em nossos dias.

Para mais informações acesse www.oikosbrasil.org.br

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Relatório de atividades de articulação Norte 2



Aconteceu na última quarta-feira do dia 31 de outubro na cidade de Marabá, o 1º Sarau da Justiça realizado pelo grupo FALE em Marabá em parceria com a ABU-Marabá no auditório da UFPA.

A temática do encontro foi em torno de tratar questões de justiça e mostrar as intenções de Deus e como este aborda tal questão no decorrer da história usando de recursos artísticos como poesia, dança, teatro e música (aderindo a linguagem universitária e popular).

O evento recebeu um bom público dentre estudantes universitários, cristãos e comunidade em geral, oportunidade em que estes puderam apreciar várias recitações de salmos e outros versículos bíblicos, interpretação de "O Menestrel" de William Shakespeare (por Carlos Eduardo), canções regionais como "Não vou sair" da cantora paraense Lucinnha Bastos, canções cristãs como "Bela Juventude" e "Pra cima, Brasil" de João Alexandre (por Ismael Ferreira e Sandreane) e "O Reino do Pai chegou" do cantor e compositor curitibano Álvaro Ramos (por Carlos Eduardo e Glades Miranda).

O solfejo em flauta da canção "Castelo Forte" de Martinho Lutero pela musicista Glades Miranda e a apresentação de toada amazônica pelo grupo "Ritmos e Movimentos para Deus" e uma reflexão de Alexandre Rosa (membro FALE-Marabá) sobre "Relativismo moral" completaram a noite que ainda contou com um delicioso suco de uva.

O grupo composto por: Alexandre Rosa (FALE), Anne Karen Medeiros (ABU), Carlos Eduardo Fernandes (FALE), Débora (ABU) Elias Albuquerque (FALE), Jomara (ABU), José Gonçalves (ABU), Laís Chaves (ABU) e Patrícia Marques (ABU) avaliaram o evento de forma positiva como divulgação e para as metas do grupo para o ano de 2008.


Relatório enviado por Carlos Fernandes do FALE de Marabá

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Igreja Batista Itacuruçá envia 32 cartões
















Os cartões da Campanha FALE por Saneamento Ambiental no Brasil foram apresentados à Igreja Batista Itacuruçá, Rio de Janeiro, no final de setembro. Na ocasião, os objetivos, a atuação do FALE e alguns dados sobre Saneamento Ambiental foram informados à comunidade, que já enviou 32 postais ao presidente da República. Além disso, vários membros pegaram cartões Ore & Envie com o objetivo de divulgar a Campanha.

Para Pedro Grabois, membro da Batista Itacuruçá que apresentou a Cmpanha e o Fale à igreja local, "o importante é que a campanha ainda será prolongada e nossos trabalhos de conscientização são continuados. O principal de qualquer trabalho sério do Reino de Deus é a ação comprometida com a reflexão e com a oração. Esperamos seguir no trabalho sabendo que Cristo caminha à frente da Igreja”.
A Campanha FALE por Saneamento Ambiental deve prosseguir durante o ano de 2008. Para obter maiores informações e contribuir envie e-mail para redefale@gmail.com.